Alzheimer
Nem sabem o que me aconteceu. Ontem, estava muito bem a fazer a minha corrida matinal, quando sou confrontado com uma velha a esbracejar por tudo o que era braços e a gritar como uma louca. Como estava com phones não percebi nada, mas como havia um Alerta Médico nessa rua pensei que estava a assistir a um desabafo ou devaneio de uma mentecapta qualquer. Quando me apercebi que a mulher falava comigo lá tirei os phones. A senhora em um segundo pediu-me para alcançar a senhora que estava ao fundo da rua pois tinha alzheimer, tinha fugido de casa e as suas pernas já não davam para correr. Como bom samaritano que sou, lá dei corda aos ténis e corri à velocidade da luz. Lá apanhei a senhora que pensou que a quisesse assaltar. E iniciámos um diálogo:
-Então já não se lembra de mim, não é? Venha, vou levá-la para casa que estamos à sua espera para almoçar. - disse eu
-Você deve estar a confundir-me com alguém - diz-me a senhora muito assustada.
- Não estou nada, até estão ali a chamá-la - disse eu apontando para a senhora que me tinha pedido para a alcançar.
Quando olho para a a senhora que me fez o pedido vejo-a de novo a esbracejar e a berrar. Passado cinco segundos é que percebi que não era essa a senhora a alcançar, mas sim uma senhora mais velha de estava mesmo no fim da avenida.
Lá volto eu a voar para alcançar a senhora. Quando finalmente cheguei perto dela, vi-a a tentar atravessar a rua. Chamei-a, abracei-a e olhei-a nos olhos. Vi um vazio! Um desespero! Cortou-me o coração. Dei a mesma conversa que dei a outra senhora e ela veio comigo sem questionar. Não sabia quem eu era, mas também se desconhecia a ela própria.... Nem sabia para onde ia... Quando a filha dela chegou perto de nós perguntou à mãe aonde ia e porque tinha fugido de casa. Escusado será dizer que a senhora não reconheceu a filha nem aonde ficava a casa dela. Ficou simplesmente especada como um autista. A filha desesperada agarrou-se à mãe a chorar e a senhora começou também a chorar, mas sem saber porque chorava, a não ser por nada saber.
Depois a filha agradeceu-me com os normais "Deus lhe pague, muito obrigado, não tenho como agradecer" e lá continuei eu na minha corrida matinal. Entretanto cruzei-me com a senhora que eu pensei que sofresse de alzheimer e lá ela me confessou que tinha ficado com medo pois pensava que eu a queria assaltar. Uma pessoa já não pode ser preta, correr que já vai roubar ou já roubou. Praticamos boas acções e ainda levamos com estas...
Mas o que me preocupou foi a falta de memória que esta doença nos provoca. Já pensaram na aflição que deve ser não nos conhecermos e não conhecermos ninguém ao nosso redor? Sentirmo-nos perdidos em nós próprios e vivermos num corpo estranho e numa casa de estranhos... Procurar algo sem saber o quê... E a aflição das pessoas que nos amam? A dor que um filho sente quando a mãe não o reconhece... Deve ser terrível! Depois lá veio o meu lado egoísta ao de cima e pus-me a pensar o que seria de mim que não me quero casar, que não quero ter filhos, que quer que cada um viva em sua casa. Quem cuidará de mim quando envelhecer? Quem cuidará de mim quando tiver lapsos de memória e perda de urina? Como será a minha velhice? Será que a minha reforma vai chegar para pagar um bom lar, ou vou ter de recorrer a lares "tulipa, cantinho dos avós, paraíso" ou pior "centro comunitário"?
Mas como não consigo ter pensamentos muito sérios durante muito tempo comecei logo a parvejar e a fazer filmes. Provavelmente aquela senhora estava presa, em cativeiro, sedada, cheia de calmantes para não fugir de casa. Isso porque é dona que imensos terrenos e a filha para ficar com tudo e não repartir nada com os irmãos apossou-se da pobre senhora. E a senhora, com tudo planeado para a fuga, comprimidos debaixo da língua, aproveitou que a maldosa da filha foi à padaria para se pirar. Ala que se faz tarde! Quando julgava que tinha escapado às garras da bruxa da filha, aparece um preto (capanga da filha) para a apanhar. E quando me viu, lá se fez de esquecida outra vez, só para me enganar, fingindo que tinha fugido porque estava maluca em vez de lúcida que estava. Quando viu a filha desatou a chorar pois sabia que ia sofrer as consequências do seu acto heróico, mas pouco sensato ou mal planeado.
Não seria a primeira vez que isso acontecia, pelo menos aqui na zona, mas normalmente espetam-nos é nos lares, noutra cidade qualquer. Já ouvi relatos desses. Por dinheiro esta gente faz tudo... Mas enfim, acho que o caso era mesmo o de alzheimer, penso eu. Ainda vou arder no mámore do inferno por isto. Tudo isto levou-me a pensar que tenho três hipóteses. Ou me transformo em tubarão rapidamente, ou descobrem a cura p'essa merda ou tou fodido!
Ah e não fica por aqui! À vinda da faculdade ainda apanhei dois deficientes que se sentaram ao meu lado no comboio. Um idoso que não de percebia nada do que dizia. Falava mais baixo que uma adolescente com problemas de confiança e a outra era uma rapariga que não batia bem da bola. Era tonha fanhosa a falar com muitas paragens e devia tar com muita fome pois só comia palavras. Pela conversa, tinham vindo da consulta (do Júlio de Matos, penso eu) e o mais engraçado é que se entendiam os dois. Eu não percebia nada do que diziam, mas eles comunicavam-se que era uma maravilha. Escusado será dizer que pouco tempo depois mudei de carruagem. Já tinha tido demasiado contacto com doenças por um dia...
-Então já não se lembra de mim, não é? Venha, vou levá-la para casa que estamos à sua espera para almoçar. - disse eu
-Você deve estar a confundir-me com alguém - diz-me a senhora muito assustada.
- Não estou nada, até estão ali a chamá-la - disse eu apontando para a senhora que me tinha pedido para a alcançar.
Quando olho para a a senhora que me fez o pedido vejo-a de novo a esbracejar e a berrar. Passado cinco segundos é que percebi que não era essa a senhora a alcançar, mas sim uma senhora mais velha de estava mesmo no fim da avenida.
Lá volto eu a voar para alcançar a senhora. Quando finalmente cheguei perto dela, vi-a a tentar atravessar a rua. Chamei-a, abracei-a e olhei-a nos olhos. Vi um vazio! Um desespero! Cortou-me o coração. Dei a mesma conversa que dei a outra senhora e ela veio comigo sem questionar. Não sabia quem eu era, mas também se desconhecia a ela própria.... Nem sabia para onde ia... Quando a filha dela chegou perto de nós perguntou à mãe aonde ia e porque tinha fugido de casa. Escusado será dizer que a senhora não reconheceu a filha nem aonde ficava a casa dela. Ficou simplesmente especada como um autista. A filha desesperada agarrou-se à mãe a chorar e a senhora começou também a chorar, mas sem saber porque chorava, a não ser por nada saber.
Depois a filha agradeceu-me com os normais "Deus lhe pague, muito obrigado, não tenho como agradecer" e lá continuei eu na minha corrida matinal. Entretanto cruzei-me com a senhora que eu pensei que sofresse de alzheimer e lá ela me confessou que tinha ficado com medo pois pensava que eu a queria assaltar. Uma pessoa já não pode ser preta, correr que já vai roubar ou já roubou. Praticamos boas acções e ainda levamos com estas...
Mas o que me preocupou foi a falta de memória que esta doença nos provoca. Já pensaram na aflição que deve ser não nos conhecermos e não conhecermos ninguém ao nosso redor? Sentirmo-nos perdidos em nós próprios e vivermos num corpo estranho e numa casa de estranhos... Procurar algo sem saber o quê... E a aflição das pessoas que nos amam? A dor que um filho sente quando a mãe não o reconhece... Deve ser terrível! Depois lá veio o meu lado egoísta ao de cima e pus-me a pensar o que seria de mim que não me quero casar, que não quero ter filhos, que quer que cada um viva em sua casa. Quem cuidará de mim quando envelhecer? Quem cuidará de mim quando tiver lapsos de memória e perda de urina? Como será a minha velhice? Será que a minha reforma vai chegar para pagar um bom lar, ou vou ter de recorrer a lares "tulipa, cantinho dos avós, paraíso" ou pior "centro comunitário"?
Mas como não consigo ter pensamentos muito sérios durante muito tempo comecei logo a parvejar e a fazer filmes. Provavelmente aquela senhora estava presa, em cativeiro, sedada, cheia de calmantes para não fugir de casa. Isso porque é dona que imensos terrenos e a filha para ficar com tudo e não repartir nada com os irmãos apossou-se da pobre senhora. E a senhora, com tudo planeado para a fuga, comprimidos debaixo da língua, aproveitou que a maldosa da filha foi à padaria para se pirar. Ala que se faz tarde! Quando julgava que tinha escapado às garras da bruxa da filha, aparece um preto (capanga da filha) para a apanhar. E quando me viu, lá se fez de esquecida outra vez, só para me enganar, fingindo que tinha fugido porque estava maluca em vez de lúcida que estava. Quando viu a filha desatou a chorar pois sabia que ia sofrer as consequências do seu acto heróico, mas pouco sensato ou mal planeado.
Não seria a primeira vez que isso acontecia, pelo menos aqui na zona, mas normalmente espetam-nos é nos lares, noutra cidade qualquer. Já ouvi relatos desses. Por dinheiro esta gente faz tudo... Mas enfim, acho que o caso era mesmo o de alzheimer, penso eu. Ainda vou arder no mámore do inferno por isto. Tudo isto levou-me a pensar que tenho três hipóteses. Ou me transformo em tubarão rapidamente, ou descobrem a cura p'essa merda ou tou fodido!
Ah e não fica por aqui! À vinda da faculdade ainda apanhei dois deficientes que se sentaram ao meu lado no comboio. Um idoso que não de percebia nada do que dizia. Falava mais baixo que uma adolescente com problemas de confiança e a outra era uma rapariga que não batia bem da bola. Era tonha fanhosa a falar com muitas paragens e devia tar com muita fome pois só comia palavras. Pela conversa, tinham vindo da consulta (do Júlio de Matos, penso eu) e o mais engraçado é que se entendiam os dois. Eu não percebia nada do que diziam, mas eles comunicavam-se que era uma maravilha. Escusado será dizer que pouco tempo depois mudei de carruagem. Já tinha tido demasiado contacto com doenças por um dia...
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