quinta-feira, janeiro 19, 2006

Todos nós proferimos a mítica frase “ a minha vida dava um filme”. E não é que é verdade? Não há excepção a esta regra. Por quantos amores platónicos passámos? Quantos entes queridos já vimos partir? Quantas vezes já chorámos? Quantas vezes já nos rimos das peripécias que atravessámos? Quantas vezes vimos o pôr-do-sol acompanhados? Tudo isto nos constrói e solidifica. Mas até que ponto isso é benéfico para nós? As situações cómicas com fins desejáveis são de facto uma emoção que qualquer um deve experimentar. Resta saber é se “o que não nos mata só nos torna mais forte”. Quem já não viveu um amor impossível ou inalcançável? Um amor que não deu resultado? Muito poucos. E digo-vos por experiência própria que o que não nos mata só nos torna mais cruéis. Cruéis com aqueles que nos querem amar e nós não deixamos por insegurança e com medo de sofrer outra vez! Criamos uma barreira invisível. Deixamos de procurar a nossa alma gémea para procurar a primeira alma que nos aparece. Apenas falta o letreiro a dizer “ queremos relação”. É claro que não falo de uma relação amorosa! Relação amorosa, essa, para nós, não existe. São como as sereias, todos falam da sua beleza e encanto, mas nunca ninguém as viu. Viramos verdadeiros bichos do mato, frios, práticos, nada razoáveis, deveras racionais e principalmente indisponíveis! Qualquer demonstração de afecto e carinho por parte do nosso parceiro se transforma em algo irritante para nós, tendo sempre algum sitio para ir ou alguma coisa para fazer. Se conseguissem ler os nossos pensamentos nessa altura … Quantas e quantas vezes nos dizem carinhosamente o cliché que tanto odiamos mas que nos sabe bem ouvir “amo-te”? Pior ainda, só mesmo quando retorquimos com um belo “obrigado” ou nada mais nada menos que um simples “tou atraso”. O que antes gostávamos de ouvir tornou-se algo a evitar!
Aqui seguem-se alguns exemplos e pensamentos que costumo associar a esta pergunta retórica: “aonde fica a saída de emergência mais próxima?”.
Alguns convites como ir a uma festa de anos de um amigo dela estão fora de questão. “Vai apresentar-me aos amigos dela como namorado”- é logo o meu pensamento.
Se me convidam para passar a noite, declino logo. “Ela vai acordar primeiro que eu e vai beijar-me sem lavar os dentes”.
Se ela se auto-convida para passar a noite na nossa casa… “ nem pense que lhe vou levar o pequeno almoço à cama”.
Se esquece da sua roupa no nosso armário, “ estou tramado, vai comentar com as amigas que praticamente mora comigo”.
Se nos traz o pequeno almoço à cama e arruma a cozinha aí é que é o pior. “Quem é que lhe deu autorização para mexer nas minhas coisas?”.
E a estória do vestido de noiva? “Vou ver uns vestidos de noiva com uma amiga minha que se vai casar”- diz ela. Depois deixa o catálogo dos vestidos em cima da mesa da sala. Quererá ela dizer-me alguma coisa?
Outra situação a evitar; Nunca, mas nunca, me chamem de amorzinho, pois não foi com esse nome que os meus pais me baptizaram. Caso contrário seria esse nome que estaria no meu BI. CERTO? E se não for pedir muito, gostaria que usassem também o meu nome próprio na agenda do telemóvel. Não me chamo fofo, nem amorzinho e muito menos bebé!!! OK????
Fazendo agora uma introspecção…
Como é possível passarmos de anjos para demónios num piscar de olhos? Será que esta fase tem inversão? Pior! Será que isto é uma fase? Ou acabará por se tornar numa filosofia de vida até ao purgatório? Que filosofia de vida é esta que tem cada vez mais adeptos? Aonde pairam os valores tradicionais? A tradição aonde paira? Tradição… Tradição já não é o que era. O que é então a “nova” tradição? A nova tradição foi adulterada perdendo o seu “d” algures com o passar do tempo. Será que isto é mau? E os limites? Pensamos nas pessoas que magoamos? Ou pensamos em nós? Nos nossos desejos, nas nossas necessidades fisiológicas? Não admira estarmos sempre em alhadas. Não admira que a nossa vida desse para uma enciclopédia de “ Sexo e a Cidade”. Nesta selva pseudo-civilizada chamada sociedade todos querem ser livres, nem que para isso restrinjam a liberdade dos outros. Os desejos, necessidades e até mesmo fetiches falam mais alto! Onde “tabu” perdeu o “b” passando a “tau tau” e a satisfação sexual passou a ser a primeira necessidade na teria de Maslow! Não me admiro! Nada mesmo. Não é a toa que vivemos na era da maior de todas as revoluções! A Revolução Sexual!!

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